Se algo ameaça a estabilidade do Estado brasileiro e conspira contra a democracia é justamente o envolvimento das FFAA na política e sua associação com esse golpista sem escrúpulos, inteligência ou competência que ocupa o Palácio do Planalto.
De novo: se estiver faltando serviço, arrumem um dentro das duas atribuições constitucionais.
Tem muito meio fio pra pintar e uma fronteira enorme para regular.
Essa idéia de que as Forças Armadas lidam com "ameaças internas" é sem pé nem cabeça. Crimes cometidos por cidadãos são matéria para a justiça criminal e as polícias.
Sejam crimes comuns ou crimes cometidos por motivação política. Está FORA da província das Forças Armadas.
Até mesmo em regimes mais fechados! Rússia? China? O que os militares países fazem? Lidam com conflitos externos. Quem lida com atos cometidos por cidadãos? Polícias e serviços internos de inteligência, alheios à hierarquia militar.
Quem lida com atos de terrorismo ou riscos à estabilidade do Estado cometidas por cidadãos nos EUA? Não é o Pentágono. É o FBI.
No Reino Unido? Não é o British Army, nem a RN nem a RAF. É a polícia.
Alemanha, França? Mesma coisa.
Se um cidadão brasileiro interno comete atos concretos que trazem risco à estabilidade do Estado ou conspira contra a democracia, isso se lida com legislação e polícia. Não é problema para as Forças Armadas.
NÃO está entre as atribuições das Forças Armadas lidar com isso.
De um lado "cidadãos brasileiros de bem". De outro os opositores dessa ideologia — subrepticiamente alijados da cidadania e denominados "ameaças internas".
Como se não fossem eles próprios parte do povo brasileiro e concidadãos com plenos direitos. Isso não existe.
Essa frase é parte da famosa "doutrina de segurança nacional", que foi expressa na ditadura militar mas que a precede por muito.
É uma tentativa de separar os brasileiros internos do país em dois grupos: legítimos atores políticos e "ameaças".
As FFAA perdem tempo com isso porque graças a uma competente atuação do nosso corpo diplomático e à histórica posição de moderação e neutralidade do país, vivemos em paz com outros países e temos poucas ameaças.
Se tiver faltando serviço, arrumem um dentro de suas competências.
As Forças Armadas não têm competência legal para dar palpite sobre o processo eleitoral. Nem competência técnica, muito menos competência moral.
Isso é perda de tempo e usurpação de competência. Que se recolham aos seus quartéis para cumprir sua função e nem um centímetro além.
Rafael Calsaverini
Father, Physicist, Data Scientist, in that order.