Marta Lança recorda "O empadão de esparguete dos avós em Benfica" e leva-nos de volta à infância e juventude: "O avô morreu na passagem de ano de 2007-8. O meu pai passou a noite, mão na mão, com o seu pai. Apesar de já ter visto esta imagem milhares de vezes, não sei exatamente o que será consolar alguém nos momentos finais. Menos ainda sei o que é morrer. Quando os avós desaparecem dá-se a nossa primeira orfandade, dizem. Perde-se o vínculo aos últimos representantes próximos de
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universos e referências que demonstram a elasticidade temporal da memória e o amor para além dos tempos.
Nos últimos meses de vida, o avô divertia-se com coisas tontas como sintonizar o pacemaker nas frequências da rádio. Mas o que mais lhe acontecia era conviver com fantasmas. Conversava com a avó defunta, desfilando o mundo no comando, sagrado objeto preso por cordel ao braço do cadeirão em frente da televisão."
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